O dólar bateu R$ 5,27 na terça-feira, 16, maior valor em mais de um ano, desde 23 de março de 2023, quando a moeda americana chegou a R$ 5,29. Já hoje, 17, está em queda de 0,59%, a R$ 5,239, por volta das 11h30…
Por que o dólar subiu tanto?
No último dia 2, o Banco Central fez sua primeira intervenção no novo governo para tentar segurar a cotação da moeda. Foi um leilão adicional de swap cambial em US$ 1 bilhão. Mas a moeda vem subindo consideravelmente nas últimas semanas…
A “tempestade perfeita” se formou, avalia Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. Ela lembra que a moeda já começou a subir na semana passada, porque há expectativa de que a política monetária dos EUA continue apertada por mais tempo. A inflação dos preços ao consumidor, economia aquecida, falas de dirigentes do Fed e a própria ata referente à última reunião levaram o mercado a entender que ainda tem um longo caminho até que a instituição fique confortável e comece a cortar juros, diz a especialista.
Com os juros mais altos lá fora, o dólar também sobe — não só no Brasil, mas no mundo todo. Isso porque manter o dinheiro nos EUA se torna mais atrativo para o investidor. A taxa de juros nos EUA está hoje entre 5,25% e 5,5%, muito alta para os norte-americanos. É válido destacar que a rentabilidade por lá é preferida mesmo que a Selic no Brasil ainda esteja muito mais alta do que os juros nos EUA.
Investir na economia dos EUA tem um risco muito menor. “A gente está falando da taxa mais sólida, mais segura e mais atraente do planeta. Então, o investidor faz essa conta: será que vale mais a pena eu ter uma renda um pouco maior no Brasil, mas correndo risco muito grande, ou ir para os Estados Unidos e absorver esse ganho lá, mas com um risco muito menor?”, explica Luan Aral, trader e especialista em dólar da Genial Investimentos.
Conflito entre Irã e Israel
O Irã lançou neste sábado (13) drones e mísseis em direção a Israel. O ataque foi uma retaliação ao bombardeio israelense contra o consulado iraniano em Damasco, na Síria, que matou dois líderes militares do Irã. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já declarou que o país fará o que for preciso para se defender. Há ainda a preocupação da entrada de outras nações no conflito, o que traz ainda mais. O cenário de incertezas e crise geopolítica também influenciam diretamente na cotação do dólar, explica Helena. Isso porque o dólar é a moeda mais segura do mundo. “É normal que em um período em que a gente não sabe se Israel vai responder, como vai responder, se isso vai escalar para um conflito maior ou não, o dólar fique mais forte.”
E isso vale para o mundo todo. “A gente está falando de dólar no México, dólar na África do Sul, dólar no Canadá, dólar em pares emergentes, dólar em alguns países europeus e assim por diante. Então, esses foram fatores que colocaram o dólar DXY, que é o dólar frente aos principais pares e o dólar também frente aos emergentes [neste patamar] ganhando força com isso”, afirmou.