O Abalo Profundo: Como a Crise Econômica na China Afeta Nossa Economia de Forma Avassaladora!

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Por Eduardo Alvim

Caros leitores, vamos discutir a atual crise econômica que está se desenrolando na China, uma situação de extrema gravidade que requer nossa atenção. Esta crise possui implicações diretas para o Brasil devido à relação comercial significativa que estabelecemos com a China nas últimas décadas, o que, até então, tem sido uma benesse em muitos aspectos.

O problema central na China reside no fato de que atingiram um ponto de saturação em sua pirâmide econômica. Para contextualizar, imagine uma pirâmide em que se recruta constantemente novos participantes para o sistema, beneficiando todos os envolvidos, resultando em ganhos financeiros mútuos. Como apontou o economista Ludwig von Mises em 1921, problemas econômicos surgem quando não há alocação eficiente de recursos. No entanto, chega um momento em que não há mais novos participantes para integrar o sistema, e a pirâmide desmorona inevitavelmente.

A China enfrenta esse dilema, principalmente no setor imobiliário. Devido a razões culturais e regulamentares, os chineses tradicionalmente preferem investir em propriedades imobiliárias. Assim, é comum na China que, além de possuir a sua própria residência, as pessoas adquiram propriedades adicionais como forma de investimento. Conforme evidenciado por dados do Banco Mundial, essa tendência levou a um excesso de oferta e a um mercado imobiliário inflado.

Esse fenômeno se estende muito além do que muitos podem imaginar. Não se limita apenas às conhecidas “cidades fantasmas“, mas também permeia as áreas urbanas das grandes cidades da China. De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa sobre a China da Universidade de Nottingham, essas áreas urbanas frequentemente possuem bairros e regiões repletos de edifícios vazios.

O canal Buildr, publicou este vídeo que mostra este cenários totalmente distópico “China’s Ghost Cities: The Truth Behind The Empty Megacities”

O cerne do problema reside no comportamento das empresas de investimento, construtoras e imobiliárias na China. Com o mercado imobiliário em ascensão, essas empresas aceleraram o processo. Antes mesmo de concluir e entregar um apartamento, elas utilizavam os recursos obtidos para iniciar uma nova construção, visando vender imediatamente após sua conclusão. Conforme relatado pelo Financial Times, essa estratégia levou à acumulação de dívidas, comprometendo a entrega dos apartamentos.

Agora, o problema é ainda mais profundo, uma vez que a demanda por propriedades imobiliárias na China diminuiu consideravelmente. Como mencionado anteriormente, há um limite para o número de pessoas interessadas em comprar propriedades. De acordo com dados do governo chinês, a China possui uma população de 1,4 bilhão de pessoas, mas essa população já possui residência. Além dessas 1,4 bilhão de pessoas, existem 1,4 bilhão de imóveis vazios, casas e apartamentos que poderiam ser utilizados, mas permanecem desocupados.

Em outras palavras, a China se encontra em uma situação em que cada indivíduo poderia, teoricamente, ter seu próprio apartamento, e ainda sobrariam imóveis vazios. Essa situação é complexa e preocupante, e a crise está se desdobrando principalmente nas incorporadoras imobiliárias.

A Evergrande vive uma situação crítica, e enfrenta sérios problemas há alguns anos. O governo chinês interveio, injetou recursos na empresa e acalmou o mercado temporariamente. No entanto, o problema fundamental persiste. A Evergrande possui uma grande quantidade de apartamentos em dívida para muitos compradores, e agora enfrenta a dificuldade de vender novas unidades, especialmente após a prisão de seu diretor Hui Ka Yan, que fez sua imagem ter sido prejudicada ainda mais no mercado.

A situação é tão grave que até mesmo a Country Garden, a maior incorporadora da China, está enfrentando dificuldades para pagar suas dívidas. A falta de demanda por novas propriedades é o cerne do problema, impedindo a rotação do capital investido em novos empreendimentos imobiliários.

Agora, a questão que se coloca é: para quem essas pessoas vão tentar vender seus imóveis? Observando essa situação, muitos observadores têm questionado a lógica de adquirir propriedades na China como investimento, já que é evidente que o valor desses imóveis está em declínio.

Um ponto importante a destacar é que aqueles que adquiriram imóveis com a intenção de investir, até recentemente, acreditavam que estavam fazendo um bom negócio, pois o valor dos imóveis estava em alta. Entretanto, a realidade mudou drasticamente, e agora esses investidores estão descobrindo que seus imóveis têm pouco ou nenhum valor de mercado. A demanda por imóveis na China desabou, e, como resultado, o investimento dessa parcela da população está agora comprometido. Isso é profundamente preocupante, pois afeta as economias domésticas daqueles que economizaram e investiram ao longo de suas vidas.

Já há algum tempo, muitos analistas têm previsto que a China enfrentaria desafios econômicos significativos. O sistema comunista chinês, sofre de um problema fundamental de cálculo econômico que, inevitavelmente, levaria a problemas econômicos. A China reconheceu essa situação durante o período de Deng Xiaoping, nos anos 80 e 90, quando o bloco soviético estava desmoronando. Deng Xiaoping introduziu elementos de mercado na economia chinesa, aliviando a situação em certa medida. No entanto, o problema subjacente persiste, uma vez que o governo chinês ainda exerce um controle significativo sobre a economia, tomando decisões com base em considerações políticas, em vez de alocar recursos eficientemente de acordo com as forças do mercado.

Mesmo que a China não sofra uma quebra total a curto prazo, mas sim uma desaceleração econômica, isso apresenta um problema significativo para o Brasil, dado o volume considerável de comércio entre os dois países. O Brasil exporta uma quantidade substancial de produtos para a China e importa muitos produtos chineses. Um setor afetado recentemente é o da siderurgia, especificamente o vergalhão de ferro utilizado na construção civil.

Existem dois problemas aqui. Primeiro, devido à redução na construção na China, as siderúrgicas chinesas que produziam esses materiais estruturais agora estão com excesso de capacidade e estão direcionando suas vendas para o Brasil, onde se tornou comum a compra de vergalhões de ferro chineses. No entanto, há uma má reputação associada ao aço chinês, frequentemente considerado de qualidade inferior. Ainda assim, em alguns casos, o preço mais baixo pode atrair consumidores brasileiros, criando uma preocupação para o setor siderúrgico local.

Empresários brasileiros, como Jorge Gerdau, estão extremamente preocupados com essa situação. Antes, o Brasil vendia seu aço para a China, quando o país asiático estava em pleno boom de construção. Agora, a dinâmica mudou, e o Brasil está importando aço chinês, o que cria uma competição desleal devido às diferenças nas taxas e impostos. Em vez de pedir uma redução de impostos por parte do governo brasileiro para competir com o aço chinês, alguns empresários brasileiros estão pressionando por um aumento de impostos sobre o aço importado da China. Isso é uma situação prejudicial para os consumidores, que podem enfrentar preços mais altos.

Em última análise, essa situação apresenta vantagens para os consumidores, que podem encontrar produtos mais baratos, mas também suscita preocupações sobre a qualidade do aço chinês. É essencial que as partes interessadas considerem cuidadosamente os riscos e benefícios dessa competição no mercado de aço.

A situação atual, em que a indústria brasileira pressiona por um aumento de impostos, é de fato preocupante e decepcionante. Em vez de buscar a redução das cargas tributárias, algumas empresas estão pedindo que os impostos sejam aumentados para seus próprios consumidores, o que é uma abordagem covarde. Deveriam, em vez disso, ter a coragem de lutar por uma diminuição dos impostos no Brasil. Essa postura é frustrante e injusta, já que coloca a carga tributária adicional sobre os ombros dos consumidores.

Atualmente, o setor siderúrgico brasileiro enfrenta um imposto de importação de 25%, o que inevitavelmente aumentará o preço do aço em 25%. Isso acontece porque os proprietários das siderúrgicas locais estão enfrentando dificuldades em vender seus produtos, mas em vez de buscar soluções internas, estão pressionando pelo aumento das taxas de importação. Essa abordagem é contraproducente e prejudicial.

A situação é agravada pela grande quantidade de aço chinês inundando o mercado devido à redução da construção na China e à situação precária de suas principais incorporadoras. Isso levanta preocupações sobre a confiabilidade da China como parceiro comercial. O mundo multipolar pode ser complexo, mas confiar em regimes autoritários como a China e a Rússia é um risco que não deve ser subestimado. Ditaduras não são parceiros confiáveis, e essa situação destaca a importância de manter a prudência em nossas relações comerciais internacionais.

EDUARDO ALVIM É UM ENTUSIASTA DA ESCOLA AUSTRÍACA DE ECONOMIA, QUE VALORIZA A LIBERDADE INDIVIDUAL, O LIVRE MERCADO E A NÃO INTERVENÇÃO ESTATAL NA ECONOMIA. ACREDITA QUE O BITCOIN É UM IMPERATIVO MORAL, POIS A AUTO CUSTODIA IMPEDE O FINANCIAMENTO DE GUERRAS, CONFLITOS E IMORALIDADES SEM O LIVRE CONSENTIMENTO DAS PESSOAS.

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