Eventual veto ao fim da isenção, com posterior derrubada pelo Congresso, permitiria ao presidente surfar a onda perfeita
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi convencido de que fará mal à sua popularidade acabar com a isenção de tributos federais sobre compras de até US$ 50 em sites estrangeiros de comércio eletrônico.
Nesta semana, em uma fala improvisada à imprensa, Lula disse que o brasileiro compra “bugigangas” e declarou não saber se há realmente uma concorrência com a indústria nacional.
“Nem sei se essas bugigangas competem com as coisas brasileiras, nem sei”, disse ele. “Como você vai proibir as pessoas pobres, meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo, sabe?”
O tema ainda está em discussão no Congresso. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer uma conversa tête-à-tête com Lula para negociar um meio-termo. Se for verdade o que Lula disse aos jornalistas, ele tem recebido informações, no mínimo, incompletas sobre o tema.
De acordo com a Shopee, entre a preferência dos brasileiros no ano de 2023 estavam produtos como material escolar, calçados, roupas, equipamentos eletrônicos e até leite em pó.
Ao ser questionado se vetaria o fim da isenção caso aprovada pelo Congresso Nacional, o presidente disse que sim, a tendência é vetar. Com isso, Lula teria seu momento heroico com os milhares de clientes que buscam, fora do Brasil, preços mais baixos e opções diversificadas.
No entanto, estaria longe de ser um bom cenário: iria angariar a revolta da indústria nacional, sem contar que possíveis demissões no setor teriam nome, sobrenome e partido.
Mas, se por um acaso do destino os parlamentares decidissem derrubar o veto e acabar de vez com a isenção, Lula surfaria a onda perfeita. Colheria os louros junto ao eleitor por ter tentado derrubar mais um tributo, mas voltaria a arrecadar e engordar o caixa.
A indústria ficaria mais calma e até os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Geraldo Alckmin, do Desenvolvimento, abririam sorrisos.