Material mais antigo já encontrado na Terra tem quase o dobro da idade do Sol

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A formação mais antiga já encontrada na Terra data de 7 bilhões de anos atrás, conforme cientistas descobriram nos últimos dias. Análises feitas em uma rocha que caiu na Austrália em 1969 detectaram materiais pré-solares e encontraram poeira estelar que data de cerca de 3 bilhões de anos ante da formação do Sol – o que aconteceu há 4,6 bilhões de anos.

Especialistas acreditam que a poeira estelar antiga foi jogada ao universo por estrelas no final de suas vidas. Um pouco dessa poeira pegou carona em um asteroide que passou no caminho da Terra e deixou o meteorito de Murchison, uma rocha de 100 kg que caiu há 50 anos. Agora, novas análises de grãos pré-solares encontrados no meteorito detectaram que há poeira formada em diferentes períodos da história do universo, indo de cerca de 4 milhões de anos antes de o Sol surgir até 7 bilhões de anos atrás, ou 3 bilhões de anos antes do “nascimento” da nossa Estrela Guia.

De acordo com o líder do estudo, Philipp Heck, a razão pela qual não encontramos poeira de formação pré-solar na Terra é porque os processos geológicos do planeta aqueceram e transformaram qualquer material antigo. No espaço, entretanto, rochas formadas em diferentes períodos podem atrair poeira antiga e interestelar, dando carona a elas.

No caso do asteroide que trouxe o meterorito Murchison, esses processos geológicos não ocorreram, pois trata-se de “um pedaço quase inerte de rocha que se formou da nebulosa solar e não se transformou desde então”, explicou Heck. Assim, toda a poeira pré-solar que se depositou no objeto durante a sua viagem espacial ficou inalterada.

“Pedregulhos”

O meteorito de Murchison caiu na Austrália em setembro de 1969 com a poeira estelar mais antiga já vista na Terra (Foto: Divulgação)

Grãos de poeira pré-solar geralmente medem cerca de 1 micrômetro, que é um milionésimo de metro, ou a milésima parte do milímetro. Em outras palavras, microscópico. Os grãos do Murchison analisados tinham de 2 a 30 micrômetros. “Nós os chamamos de ‘pedregulhos’. Podemos vê-los com um microscópio óptico”, disse Heck.

O estudo analisou 40 desses “pedregulhos”, obtidos em um processo que triturou pedaços do meteorito, adicionando ácido para dissolver minerais e silicatos para deixar apenas o material pré-solar intacto. Heck compara o processo a “queimar o palheiro para encontrar a agulha”. Então, os pesquisadores usaram uma técnica de datação que consiste em medir a exposição dos grãos pré-solares a raios cósmicos. Assim, puderam identificar a idade aproximada do material. A conclusão é que cerca de 60% datam de 4,6 bilhões a 4,9 bilhões de anos atrás.

Produtos do “baby boom” galáctico

Via Láctea passou por um aumento dramático na produção de estrelas por volta de 7 bilhões de anos atrás (Foto: ESO)

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