Em pronunciamento na Assembleia Geral, argentino questionou agenda “coletivista” da ONU e disse que a Argentina não apoiará restrições de liberdades individuais
Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (24), o presidente da Argentina, Javier Milei, criticou a agenda “coletivista” da ONU e afirmou que seu país irá “abandonar a posição de neutralidade histórica” para atuar “na vanguarda da defesa da liberdade”.
“A Argentina não acompanhará nenhuma política que implique a restrição das liberdades individuais, do comércio, nem da violação dos direitos naturais dos indivíduos. Não importa quem a promova e que consenso essa instituição tenha”, afirmou Milei.
Diante dos demais chefes de Estado, o presidente argentino disse que seu país passará a atuar a partir dos princípios de defesa da vida, da propriedade, liberdade de expressão, de culto, de comércio e dos governos limitados.
O principal ponto do discurso foi quando Milei enfatizou o dissenso de seu governo em relação ao Pacto para o Futuro, documento assinado no último domingo, sem a Argentina, com planos de ação para desafios globais, como o desenvolvimento sustentável, a paz e segurança internacional, ciência e tecnologia, a juventude e gerações futuras e a transformação da governança mundial.
“Convidamos todas as nações do mundo livre a que nos acompanhem, não somente no dissenso desse pacto, mas na criação de uma nova agenda, para essa nobre instituição: a Agenda da Liberdade”, expressou aos presentes, garantindo: “A partir deste dia, saibam que a República Argentina vai abandonar a posição de neutralidade histórica que nos caracterizou e vai estar na vanguarda da luta em defesa da liberdade”.
Milei criticou duramente a ONU, dizendo que a instituição “pretende decidir como todas as nações do mundo devem viver”.
“Passamos de uma organização que perseguia a paz, a uma organização que impõe uma agenda ideológica aos seus membros sobre diversos assuntos”, afirmou.
Segundo ele, os países promoveram uma “relação tóxica” entre as políticas de governança global e os organismos de crédito internacional, exigindo que países mais relegados “comprometam recursos que não têm em programas que não necessitam” e convertendo-os em “devedores perpétuos para promover a agenda das elites globais”.
Ele também afirmou que políticas de emissão zero são limitantes e prejudicam, principalmente, os países pobres. E questionou políticas vinculadas aos direitos sexuais e reprodutivos, quando a taxa de natalidade nos países ocidentais “está desmoronando, anunciando um futuro sombrio para todos”.
O presidente argentino disse não estar no evento para dizer como os demais países devem viver, mas para alertar seus representantes sobre “o que vai acontecer se as Nações Unidas continuarem promovendo as políticas coletivistas que vem promovendo sob a Agenda 2030”.
A Agenda 2030 da ONU, questionada por Milei, estabelece objetivos econômicos, sociais e ambientais para os países. “A Agenda 2030, apesar de bem-intencionada em suas metas, não é mais que um programa de governo supranacional de caráter socialista”, acusou.
Segundo ele, a agenda “pretende resolver problemas da modernidade com soluções de que atentam contra a soberania dos Estados” e pretende resolver a pobreza, a desigualdade e a discriminação com legislação que só as aprofunda”.
Ele também questionou a entrada no Conselho de Direitos Humanos da ONU de países como Cuba e Venezuela, que definiu como “ditaduras sangrentas”.